1 de junho de 2010

Arte e Cultura para conscientizar

Libertar um povo através da música, dança e trabalhos sociais

O dia 13 de maio é conhecido historicamente pela Abolição da Escravatura, quando a Lei Áurea foi sancionada em 1888. Para conscientizar e trazer a reflexão sobre a liberdade, o grupo Agibéré trabalha com a arte e a cultura para transmitir a história de seu povo. O nome do grupo significa orgulho na língua africana e os trabalhos são voltados à cultura afro. No entanto, o representante deste movimento, em Brotas, enfativa que neste trabalho todo e qualquer ser humano é bem vindo.“O Agibéré tem como principal meta promover a igualdade, por isso, nosso trabalho é aberto para todos. Fazemos ações contra o preconceito, então não podemos dividir”, afirma Diogo Alves que coordena o grupo em Brotas.

Percussionista e apaixonado pela Cultura Afro, Diogo relata que nas duas principais datas que refletem sobre a história dos negros, Abolição da Escravatura (13 de maio) e Dia da Consciência Negra (20 de novembro), o grupo transmite sua mensagem por meio da arte. “Acredito que a arte e cultura podem libertar um povo. Os negros, ao longo de sua história sempre mostraram isso. Então, nestas datas, divulgamos nossa arte, além de refletir sobre nossa história.” Nas apresentações do grupo estão: Percussão e Canto com músicas típicas da cultura afro; danças culturais; Puxada de Rede; Samba de Roda e Capoeira.

O músico diz que mesmo relembrando e comemorando a libertação dos negros ao longo dos séculos após dia 13 de maio de 1888, na data em que Lei Áurea foi implantada não houve libertação verdadeira. “Esta data é muito reflexiva para nós, porque não houve liberdade com a Lei Áurea. Foi uma atitude enganosa aos olhos da história, pois os negros foram libertos, no entanto, não tinham para onde ir, onde morar ou dinheiro para se sustentar”. Diogo enfatiza que já no Dia da Consciência Negra há mais festividade. “Em novembro comemoramos o Dia do Quilombo dos Palmares, onde os negros já tinham uma estrutura de sobrevivência, por isso, tinham a liberdade.”

Falando sobre a Cultura Afro, o coordenador afirma que mesmo havendo grupos em todo mundo divulgando esta arte, ela está morrendo. “A Cultura Afro está sendo morta, lentamente. Hoje não há mais nas escolas , como em minha época, matérias que ensine a importância de nossa arte em nossa libertação.” No entanto, é enfático ao dizer que a cultura afro deve ser mantida. “Com a sensibilidade de nossa arte e cultura podemos expandir a consciência humana.”

Lembrando de personalidades que mudaram os caminhos dos negros em todo mundo e reafirmando a necessidade de união do ser humano, independente de sua cor, Diogo ilustra o desejo do Grup Agbéré através das palavras de Nelson Mandela. “Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar.”

Matéria publicada na editoria de Arte e Cultura,
 Jornal Ideias, em 13/05/2010, por Rita Alves

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